domingo, 6 de março de 2022

Psicopatas podem ser, em média, mais inteligentes. Mas não são mais racionais (parte 2)

 A capacidade de estabelecer um objetivo e de ser bem sucedido em sua realização é um conceito primário para a inteligência ou comportamento inteligente, mas não é o mesmo que racionalidade, porque sua principal finalidade parte de uma motivação para buscar pela verdade [objetiva],  capacidade para "encontrá-la" ou de maximizar o entendimento sobre algo, e de agir ou julgar a partir disso. Basicamente, o comportamento racional é direcionado pela percepção de fatos. Por isso, não é correto dizer que psicopatas são, em média, mais racionais, porque se são mais objetivos e costumam ser bem sucedidos em suas estratagemas, eles não se baseiam apenas no que é factual ou factível pois se o fizessem inevitavelmente repensariam suas ações destrutivas que, inclusive, podem ser prejudiciais a eles mesmos, a curto ou longo prazo. Afinal, seus comportamentos não são direcionados pela razão e sim por seus instintos; por seus cérebros cujas áreas relacionadas com expressão emotiva/empática não funcionam adequadamente. Deve ser por causa dessa incapacidade de sentir empatia e remorso que conseguem ser tão objetivos. Daí essa impressão vaga de serem mais racionais.


Indivíduos psicopatas são calculistas, frios e pragmáticos, que usam a sua inteligência para bolar planos, manipular e enganar os outros, isso quando não estão agindo de maneira abertamente cruel, sem pleno controle de si mesmos. Já os mais racionais são ou aprendem a ser muito reflexivos, sempre com o principal objetivo de esclarecer, aprender ou expandir sua compreensão até para tomar as decisões mais ponderadas/justas, com base no conhecimento (verdadeiro) que têm acumulado.

A ilusão do "líder forte" (psicopático)

Para ilustrar a diferença entre psicopatia e racionalidade, vejamos o exemplo de Vladimir Putin que, desgraçadamente, "governa" a Rússia de maneira autoritária (e incompetente) a mais de uma década. Pois se ele fosse mais racional e não um psicopata, teria buscado o apoio natural de boa parte da população russa, a partir do estabelecimento de diretrizes que visam realmente melhorar a sua qualidade de vida: distribuição justa de renda; respeito às minorias e às mulheres; proteção ao meio ambiente; incentivo à educação...

De fato, houve uma melhoria nos indicadores socioeconômicos, ainda mais se compararmos com o período de transição do falso comunismo para o capitalismo, nos anos 90, mas a distribuição de renda no país, atualmente, é uma das mais desiguais.Sem falar que parece que esses indicadores, como o índice de pobreza, parece que tem sido manipulados para passar a ideia de que há menos pessoas pobres agora do que a duas décadas atrás (12% de "considerados oficialmente como pobres" em 2018-19, mas o valor mais realista estaria em torno de 40%, "The OECD poverty rate: Lessons from the Russian case). 

E, além da erosão da democracia, ainda começou essa guerra estúpida, invadindo a Ucrânia, tal como a grande maioria das guerras, ao invés de oferecer-lhe múltiplas vantagens econômicas, políticas, sociais, para continuar ao seu lado ou rejeitar a proposta da NATO, de fazer parte da sua organização...

sexta-feira, 4 de março de 2022

Sobre o mito de que psicopatas são mais racionais

 Psicopatia e racionalidade são conceitos opostos.


Porque o indivíduo, que é dotado de uma alta capacidade racional, prioriza a verdade em sua vida, enquanto que o psicopata faz o contrário, valorizando mais a mentira do que a verdade, até para usá-la como instrumento em suas armações e trapaças. Pois se a finalidade do mais racional é de agir com base em evidências ou na verdade, em outras palavras, de agir com justiça, o indivíduo psicopata pouco se importa em ser justo, porque seu maior objetivo é se dar bem às custas dos outros, enfim, de seguir seus instintos predatórios e sem ter o real controle de si mesmo. 


O altamente racional ainda é mais propenso a ser considerado insensível com os sentimentos alheios. Mas quando se comporta assim ele não o faz intencionalmente se o seu foco é a verdade e não a grosseria. Ele ainda pode aprender a controlar sua sinceridade nas interações sociais ao perceber que sua conduta tem gerado mais conflitos ou mal estar. 


O psicopata não é mais racional por ser mais pragmático e lógico, porque o mais importante, a sua finalidade, definitivamente não é a mesma que da racionalidade. Portanto, ele pode agir de maneira lógica ou inteligente, mas seu objetivo não é agir com base no conhecimento ou entendimento e sim atender seus ímpetos anti sociais. Já o mais racional é aquele que se torna mais reflexivo ou consciente sobre suas ações e consequências, bem diferente do psicopata. 

Sobre direita e psicopatia

 Psicopatia: transtorno de personalidade caracterizado por grande dificuldade de sentir empatia, culpa ou remorso e, portanto, uma predisposição pronunciada para agir de maneira cruel, irresponsável e/ou calculista. 


Direita: ideologia que, em sua superfície, prega pelo respeito às tradições e pela ordem social, mas que, na verdade, também defende/pratica a exploração predatória de seres humanos e da natureza, visando lucros; ódio e desprezo às minorias e a outros grupos não-minoritários, como as mulheres; desigualdades e injustiças sociais; nacionalismo...


Agora façamos a associação básica entre o conceito de psicopatia com os indivíduos que se definem como direitistas, conservadores, liberais e/ou capitalistas e que estão bem conscientes do que defendem...


O que temos?? 

quinta-feira, 3 de março de 2022

Por que ter um Q.I alto não é suficiente para promover a verdadeira meritocracia??

 Os processos seletivos, especialmente para o acesso ao ensino superior e para cargos públicos, selecionam os concorrentes que tiram as pontuações mais altas nas provas. Implicitamente, eles estão avaliando, não apenas a dedicação e empenho para estudar, mas também o nível de suas capacidades cognitivas, que podem ser relativamente capturadas por testes de QI (o mesmo na maioria das escolas). Para muitos, estes são métodos meritocráticos porque buscam avaliar a todos, igualmente. No entanto, existem uma série de questões que tornam essa crença bem menos verdadeira do que aparenta. Primeiro, se a inteligência humana tem uma carga genética ou biológica predominante ao seu componente ambiental, então, aqueles com as maiores médias de QI também serão consideravelmente mais propensos a tirar as notas mais altas em vestibular ou concurso público. Pois, ao aceitarmos essa verdade, tais métodos se revelam como "faz-de-conta", em que a maioria acredita que basta apenas o empenho nos estudos para conseguir tirar boas pontuações, desprezando que também é importante ter a sorte de nascer com um maior potencial cognitivo, incluindo de memorização. Segundo, além da variação nos níveis quantitativos, também apresentamos variação de desempenho em nossos níveis qualitativos, nos "tipos" de inteligência, como a criatividade. Só que ambas não são consideradas nessas avaliações porque está enraizado a crença de que nos diferimos apenas na motivação para estudar e aprender. Terceiro, as provas aplicadas são sobre conhecimentos gerais. Porém, o ideal, no sentido de mais objetivo, seria que fossem enfatizados os conhecimentos específicos à área pretendida, se todas as profissões são especializações e, portanto, não é lógico usar provas generalistas. Quarto e, o mais importante, de não haver qualquer seleção por capacidade de discernimento moral, que reprovaria  candidatos irresponsáveis, desonestos ou injustos, provavelmente porque também existe a crença de que somos todos iguais em nossas capacidades de livre arbítrio ou de racionalidade... Como resultado, parece que o setor público, incluindo as universidades federais, têm "produzido" uma grande leva de maus profissionais, incompetentes técnica e/ou moralmente, que não trabalham para cooperar com a sociedade em que vivem, mas visando principalmente por benefícios pessoais (vale ressaltar que o setor privado também parece sofrer do mesmo mal e por razões parecidas). Por isso, o mais certo seria: a aplicação de provas específicas para a disputa por vagas em especializações/profissões e uma análise profunda ou precisa das capacidades emocional e moral dos concorrentes. Só assim para começar a haver uma verdadeira seleção de qualidade de, pelo menos, uma maioria de "bons profissionais", que são tecnicamente competentes e dotados de caráter.

O raciocínio raso que leva esquerdistas a apoiar a Rússia de Putin

Sob nenhum âmbito relevante à justiça social e à ecologia, a Rússia tem se posicionado de maneira realmente positiva no mundo, especialmente a partir do regime de semi-ditadura de Vladimir Putin. Mas é surpreendente a quantidade de esquerdistas de linha marxista que têm apoiado esse país e seu líder, inclusive de maneira incondicional. Pois parece que eles se baseiam no raciocínio raso de "o inimigo do meu inimigo é o meu amigo". Só que, mesmo a Rússia sendo antagonista aos interesses estadunidenses, continua sendo tão capitalista e imperialista quanto os EUA...


Agora, com a guerra na Ucrânia, nesse início de "2022", muitos deles estão apoiando a agressão russa....

O povo ucraniano que se dane, não é??

Entendo essa hipocrisia de condenar a Rússia, atualmente, impondo-lhe sanções econômicas e boicotes, pelo que as potências ocidentais (incluindo Israel) sempre fizeram. Mas nunca houve razão para apoiá-la, ainda mais para um progressista.

Já em relação a esses marxistas que admiram ditadores cruéis, como Stálin, Mao Tsé Tung... e Putin, eu me pergunto se realmente sabem quem eles estão admirando ou o que estão fazendo??