quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Por que a homossexualidade, que não tem função adaptativa aparente, não foi eliminada pela seleção "natural'??

 A minha hipótese é que nossa variação sexual surgiu nos primórdios da espécie humana, como resultado subsequente de uma diversificação primária de tipos psicológicos, cognitivos e físicos (hormonais), vantajosa para a cooperação social (?). Uma possível evidência na qual me baseio é a presença da diversidade sexual na grande maioria das populações humanas, que sugere uma gênese mais antiga da mesma na história evolutiva de nossa espécie. 


Sem considerar aqueles grupos em que, apesar de alguma repressão cultural à diversidade, é provável que também tenham indivíduos, no mínimo, bissexuais; e na possibilidade de já a termos herdado das espécies de primatas pelas quais evoluímos, se também apresentam variação de sexualidade.


Por isso, não é necessário que indivíduos LGBTs procriem para transmitir seus fenótipos sexuais minoritários aos seus descendentes, se os mesmos já estão presentes ou disponíveis, de uma maneira, digamos, mais recessiva, na maioria das/ se não em todas as populações humanas (claro que me refiro especialmente aos héteros). E, o grande aumento demográfico, a partir da sedentarização e do aparecimento de sociedades complexas ou civilizações, graças à invenção da agricultura, também pode ter impulsionado uma segunda onda de diversificação fenotípica humana (mudanças nos padrões seletivos), aumentando tanto a frequência relativa quanto a absoluta de indivíduos LGBTs, isto é, sua visibilidade.


A nível coletivo, a "homossexualidade" pode não apresentar uma utilidade primária, tal como outros traços, por exemplo, a cor dos olhos. Ainda assim, é discutível o pensamento de que a diversidade sexual não tem uma função adaptativa, se a nível individual, pelo menos, tem a mesma função recreativa de todo ato sexual que tem como principal finalidade o prazer.


A pergunta do título também parece demonstrar uma certa ignorância de como funciona a seleção natural pois parte de pressupostos equivocados: de que todo processo seletivo-adaptativo tende a eliminar, ao invés de enxugar, a diversidade de fenótipos. E segundo, de que apenas traços primariamente úteis que são selecionados e/ou mantidos... 

Teoria da evolução indiretamente demonstrada pela domesticação de animais e plantas

 A hipótese criacionista afirma que foi Deus quem criou os seres vivos e, especialmente, o ser humano. Uma afirmação extraordinária que exige evidências extraordinárias...


Já a teoria evolucionista tem mostrado que a evolução da vida ocorre a partir de processos lógicos e não divinos, nomeadamente pela seleção natural... E, além das evidências arqueológicas, genéticas e anatômicas, também temos, indiretamente, como demonstração dessa teoria, as seleções artificiais praticadas por humanos visando a domesticação de animais e plantas, pois mostram que é plenamente possível a evolução de uma espécie sem a intervenção divina. Aliás, parece impossível provar que a tese criacionista; e são um pulo para observarmos os resultados dos mesmos processos seletivos ocorridos ou que estão acontecendo in natura.

A diferença entre a descrença em deus e na vida

 Dizem "alguns' que a depressão e o suicídio são resultados da "falta de deus", "de fé".. Mas eu acredito que não sejam o mesmo tipo de descrença porque o ateísmo é em relação a deus e a depressao à vida. Se eu posso considerar o ateísmo como a possibilidade mais plausível, mas continuar buscando um sentido em viver, por exemplo, por experiências prazerosas (Ou de perceber que o sentido da vida está em si mesma). E eu posso ter uma crença inabalável em deus mas isso não impedir que fique muito deprimido e perca a vontade de viver, até mesmo desejando adiantar a minha "passagem" para a "eternidade". 


Depressão clínica versus existencial 


Também tem outro fator relacionado com essa discussão que pode confundir, a diferença entre a depressão clínica e a existencial. A primeira é causada por uma combinação de fatores: predisposição intrínseca a ser muito emocionalmente instável, que pode levar à depressão, mais gatilhos externos, como algum evento traumático. Já a existencial é a melancolia resultante do abraço ao hiperrealismo, ao nível mais alto de compreensão da realidade: de aceitar que só existe uma vida para viver, que somos todos iguais, essencialmente e/ou que somos criaturas sem importância diante da imensidão absurda do universo. 


Concluindo, a descrença em deus pode levar à descrença no próprio sentido de viver, mas não significa que sejam causais. Pois se assim fosse todo ateu seria depressivo ou nenhum religioso padeceria de depressão. Ainda assim, é possível especular que, para algumas ou muitas pessoas, a crença religiosa pode funcionar como uma proteção. Isso também depende de quais pessoas estamos falando. Tem aquelas percebem maiores benefícios emocionais sendo ateias. 

A espécie humana surgiu de maneira totalmente aleatória??

 Não, a aleatoriedade é apenas para mostrar que, da mesma maneira que a espécie humana surgiu e existe até esse dia em que vos escrevo, também poderia não ter "surgido". Por isso que, não somos resultados nem processos completamente aleatórios e muito menos de intervenção divina. O que acontece é um acúmulo de tendências lógicas que se fortalecem e se confirmam ao longo do tempo, tal como começar a encher um balão e, depois de alcançar o seu tamanho máximo, estourar. Por exemplo, a espécie humana, que deve à sua inteligência superior também pelo fato de ter evoluído de mamíferos inteligentes.

Vôo

 Eu bati minhas asas e não consegui voar 

Continuei filhote, debaixo da saia da mãe

Continuei brincando e sonhando como uma criança 

Continuei no chão, com as asas fazendo peso

De vergonha e desprezo da sociedade 

Por não ser mais uma ave de rapina ou um pássaro preso na gaiola 

Por cantar livre, por enquanto

Por voar pela imaginação

Por ser feliz e não mais um explorado 

Por enquanto eu sei que a vida vale mais que dinheiro 

Que as amizades são os nossos maiores tesouros 

Que só se vive uma vez e que isso é tudo o que temos, até o fim 


terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

O desprezo da educação superior em relação ao que é mais importante para o trabalho acadêmico/científico

 Para ser um excelente cientista ou pesquisador é preciso ser curioso, criativo, racional, prático, intelectualmente honesto, humilde e independente; precisa ser bom para perceber padrões e ter atenção aos detalhes. 


No entanto, a educação superior, assim como o sistema de ensino, de maneira geral, privilegia quase que exclusivamente a inteligência cristalizada em seus processos de seleção de concorrentes e avaliação de estudantes, partindo da suposição de que, todo aquele que pleiteia o trabalho acadêmico/científico precisa apresentar uma grande capacidade de memorização, já que se baseia na aplicação de provas generalistas, que avaliam conhecimentos gerais, desprezando completamente essas características citadas que são fundamentais a um bom cientista ou pesquisador... Sem falar que são provas generalistas que visam avaliar a capacidade de se especializar em uma determinada profissão, isto é, de aprender conhecimentos específicos, o que, pra mim, não parece fazer sentido lógico. Como resultado, é possível que, muitos daqueles que apresentam perfis para exercer essas funções, por não serem grandes memorizadores, não estão sendo selecionados pelas universidades, e em prol de uma maioria de indivíduos que apresenta características opostas às do arquétipo do cientista ou pesquisador: de obediência acrítica e de imaginação, curiosidade e racionalidade insuficientes...


Claro que eu não estou desprezando a importância da capacidade de memorizar ou apreender conhecimentos gerais, mas que apenas isso seja avaliado durante o processo seletivo. 

Alienação à direita, à esquerda e a iluminação filosófica

 As ideologias de direita e de esquerda defendem por duas perspectivas incompletas e opostas da realidade, que se completariam se entrassem em um entendimento mútuo. Em outras palavras, elas são partes de um mesmo todo que é a iluminação filosófica, a busca pelo conhecimento, sem filtros ideológicos de qualquer espécie, especialmente sobre as questões mais importantes (as mais básicas), muito disputadas por essas ideologias. 


Igualdade e desigualdade


A alienação de direita foca excessivamente nas desigualdades ou diferenças hierárquicas, naturais ou artificiais, no sentido de inferioridade, equivalência ou superioridade. Já a alienação de esquerda foca excessivamente na igualdade, diga-se, muito mais na igualdade humana do que também considerando as outras espécies.


A esquerda é uma tentativa de transcender a direita, mas, na verdade, só tem substituído uma alienação por outra, porque ao enfatizar a realidade da igualdade passa a ignorar e/ou a distorcer a realidade das desigualdades. 


Em suma, a direita supernaturaliza a desigualdade e desnaturaliza a igualdade, e a esquerda faz o oposto: supernaturaliza a igualdade e desnaturaliza a desigualdade; porque sobrepõem seus ideais (a direita, o ideal de hierarquia e a esquerda de igualdade) especialmente sobre os fatos que consideram inconvenientes.


Por exemplo, enquanto a direita, particularmente a extrema direita,  supernaturaliza as nossas diferenças comparativas e/ou hierárquicas (sociais, raciais, cognitivas, especistas, etc) e despreza que também somos todos iguais, em essência, seres vivos/humanos e (muito provavelmente) finitos, a esquerda supernaturaliza a nossa igualdade e, como consequência, despreza justamente as diferenças que a direita exalta.


A alienação é a ignorância, o desprezo, o desconhecimento. Ambas a praticam só que para lados ou perspectivas diferentes. 


A transcendência é a superação, o avanço a um nível superior. A esquerda, ao substituir uma alienação por outra, simplesmente não consegue superar o nível de compreensão parcial da realidade no qual se encontra a direita.  


Essência e aparência


A essência é aquilo que é mais importante, universal, primordial e decisivo; é a perspectiva mais profunda da realidade (é a impermanência de tudo e, então, a igualdade de tudo). A igualdade e, portanto, a essência de toda vida é a de viver e morrer, de ter um princípio e um fim.


A aparência é a perspectiva mais superficial da realidade; é aquilo que é imediatamente cognoscível aos sentidos. A aparência, mesmo sendo concretamente causal, também é uma ilusão. Por exemplo, a aparência das diferenças hierárquicas e/ou desiguais das espécies em comparação à essência que têm em comum, de serem vidas.


Apenas o ser humano que, por causa de sua inteligência, é capaz de reconhecer a igualdade da essência, de ver além das aparências.


Pois a esquerda tende a enfatizar pela igualdade da essência e se alienar à desigualdade das aparências. E, por sua vez, a direita se aliena à igualdade da essência enquanto se excede com a desigualdade das aparências. A iluminação filosófica é o exercício de considerar e lidar com ambas as realidades, da essência e das aparências, abolindo todas as alienações. 


Exceções às regras 


A esquerda, especialmente a esquerda identitária, busca celebrar a diversidade de tipos culturais, físicos e comportamentais humanos, claro, nomeadamente os que estão de acordo com a sua ideologia; uma ênfase pela diferença que tende a ser mais positiva ou não-comparativa.


A direita, especialmente a tradicional, tende a promover pela inibição da individualidade e, então, da diversidade de comportamentos em prol da conformidade à sua doutrinação; uma forma mais autoritária ou negativa de igualdade, mais no sentido de uniformização. 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

A crença primordial do conservadorismo: nas diferenças ou hierarquias absolutas

 Primeiro, começa com a crença em deus: na ideia de que existe uma ou mais entidades metafísicas que são absolutamente superiores aos seres humanos. Então, extrapola para a ideia de que existem diferenças ou hierarquias absolutas entre grupos e indivíduos humanos (racismo/fascismo/nazismo, classismo, capacitismo, misoginia, homofobia...). Por fim, que os seres humanos são absolutamente superiores às outras espécies (especismo). Em outras palavras, se consiste num profundo desprezo em relação à nossa igualdade, de sermos todos essencialmente iguais, seres vivos, finitos e frágeis/minúsculos à imensidão do universo e ao absurdo da existência