terça-feira, 30 de junho de 2020

A maneira equivocada como definimos estupidez e o autoconhecimento


Se eu sei que não sei, então, isso é um autoconhecimento, a priori, particular ou localizado.  Se o que eu não sei, e sei que não sei, corresponde a um conhecimento essencial, então, eu ainda posso ser capaz de buscar aprender um pouco mais ou tentar diminuir minha ignorância no assunto.

Se eu não sei que não sei, então, esta que é a verdadeira estupidez, em sua expressão mais universal.

Agora, de novo e concluindo, se eu sei que não sei, a priori, não é estupidez, pelo contrário, porque estou mostrando alguma ou certa compreensão sobre minhas próprias limitações.

Um exemplo inverossímil porém útil: se eu não soubesse que não sei voar e por isso tentasse fazê-lo.

Um exemplo mais realista: se eu não sei muito sobre comportamento humano, mas acredito que sei, a ponto de pensar que sou um especialista no assunto.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Ainda sobre a irracionalidade como alucinação intelectual.. como que a linguagem interfere na precisão do raciocínio


Existem dois tipos de linguagem que usamos em nosso cotidiano, a conotativa e a denotativa. A primeira é mais metafórica ou figurada. A segunda é mais literal. Por exemplo, em relação à linguagem conotativa eu posso dizer que "Eu tentei puxar conversa com eles". Literalmente falando, não existe como puxarmos uma abstração ou comportamento. Agora, um exemplo de linguagem denotativa: "Eu tentei conversar com eles". É a mesma frase, com o mesmo significado/intenção, mas com uma linguagem diferente.

Esses exemplos não apresentam teor político, ideológico e, portanto, com potencial de causar polêmica nem possível confusão para quem os usa. No entanto, parece ser a regra e não a exceção confundi-las. Vejamos pelos exemplos polêmicos.

"Negros praticam mais crimes"

Esta frase tem um quê de conotativa porque está passando a inverdade de que todos os negros praticam crimes. Não existe o TODOS no início da frase mas está subentendido que sim.

Outro exemplo:

"Brancos são mais inteligentes"

Outra frase em que a linguagem conotativa aparece de modo implícito, porque está afirmando que TODOS os brancos são mais inteligentes.

A linguagem conotativa é fundamental para as artes e também visando à diversificação de como se fala/escreve. O problema é quando é usada ou preferida à denotativa para delinear raciocínios que exigem precisão descritiva e analítica.

Religião/mitologia???

"Deus irá te ajudar"

"Deus quis assim"

O "pensamento mágico", que pode ser perfeitamente considerado uma variante do que chamei de alucinação intelectual,  parece partir justamente desta confusão entre linguagem conotativa e  denotativa em que o sentido figurado substitui o literal reforçando a crença nessas afirmações distorcidas ou aquém da realidade.

A essência conceitual do conservadorismo (novamente) e por que o progressismo é inerentemente superior?


Pois bem, sem mais delongas, o conservadorismo se consiste em uma mentalidade ideológica que, historicamente, tem sido sempre contrária à evolução filosófica ou hiper-realista das sociedades humanas, que se baseia na maximização do potencial e do bem estar dos indivíduos de "nossa" espécie*, especialmente pela justiça e, consequente harmonia social. Por isso que o progressismo  é inerentemente superior ao "conservadorismo".

*Mas, também, em extensão ao máximo que podemos alcançar quanto às demais formas de vida que têm coexistido com o ser humano.

Para cada passo adiante que a 'humanidade" já deu em direção ao caminho filosófico, ao mais ideal, dois passos atrás têm sido dados pelos ditos "conservadores": "elites" parasitárias e seu "gado". Os exemplos de retrocessos defendidos por eles abundam e sempre no sentido de desvirtuar a humanidade de seu caminho ideal, utópico, moralmente perfeito, de conscientização e uso de todos os conhecimentos ou verdades que tem acumulado, tendo como base, logicamente, pelos mais importantes, que são os existenciais.
 
As origens dos termos políticos, esquerda e direita, remontam aos antecedentes da revolução francesa*, em que a primeira representou setores, grupos sociais e ideais iluministas, que queriam mudanças profundas naquela França do século XVIII, enquanto que a segunda representou justamente os que desejavam mante-la ou conserva-la do jeito que estava ou então fazer mudanças lentas e pontuais, jacobinos e girondinos, respectivamente. Em outras palavras, os que desejavam que a sociedade fosse governada pela razão ao invés da superstição, mas, substituindo a autoridade monárquica por uma (outra) ditadura, e os que desejavam que as autoridades da monarquia e da igreja continuassem absolutas, independente se isso significasse manter aquele estado deplorável de coisas. Pouco ou nada mudou, porque os conservadores, de direita, em sua maioria, continuam defendendo pela manutenção de desigualdades, normalizando as injustiças sociais, apoiando de, ditadores, especialmente se forem de direita, monarcas, líderes religiosos até  "empresários" "de bem". Não importa o quão inspirados sejam os conceitos de pensadores conservadores sobre o conservadorismo, se a maioria que se identifica com o termo, por razões circunstanciais  e intrínsecas, sempre acaba defendendo retrocessos quando ocorrem avanços ou a manutenção de leis e sistemas que exploram e oprimem.

*Que foi uma revolução burguesa, em que as "massas" populares foram movimentadas e usadas com o propósito bem sucedido de derrubar a monarquia e, no entanto, acabou saindo do controle e resultou em um regime de terror.   

A essência da inteligência humana é a racionalidade (sabedoria) e QI


A racionalidade (sabedoria) independe do tempo, da cultura, da classe social, porque se consiste na básica e, portanto, fundamental capacidade de discernimento do que é verdadeiro e do que não é, assim como também do que é definitivamente essencial e do que é frívolo. A racionalidade ou sabedoria tem como sinônimo a própria sanidade intelectual, visando ampliar a compreensão sobre a realidade para o melhor (sobre)viver.


Os testes cognitivos mensuram nossas capacidades: aritmética, espacial, verbal, de memorização e de reconhecimento de padrões (não contextualizado), que são facetas muito importantes da inteligência humana. No entanto, não avaliam criatividade nem racionalidade, que são fundamentais, respectivamente para a genialidade e para a sanidade intelectual. Isso significa que é totalmente possível pontuar muito alto nos testes e não ser criativo nem racional. Enquanto as facetas da inteligência que são mensuradas e comparadas por esses testes, se expressam em atividades ou finalidades específicas, quando são necessitadas, a racionalidade deriva do básico ato de percepção, sendo requisitada em todo momento de interpretação intelectual ou além-sensorial da realidade, principalmente quanto aos fatos (e fatos morais) dos conhecimentos mais importantes (história, geografia, psicologia, filosofia)..

A racionalidade é a expressão ideal do funcionamento integrado das facetas da inteligência humana, enquanto que, nos testes cognitivos, essas facetas são analisadas de maneira isolada. É o equivalente a comparar o funcionamento individualizado de peças de um dispositivo eletrônico e vê-lo funcionar em sua totalidade. Mesmo quando não aparenta, por exemplo, pelo autoconhecimento, um indivíduo reconhecer inaptidão para certa atividade.


Reconhecimento de padrões

Uma das ações mais básicas [ou fundamentais] da inteligência é a de reconhecimento de padrões (detecção de comportamentos repetitivos que caracterizam fenômenos, elementos e suas expressões; bem como seus níveis de similaridades e diferenças), intrinsecamente auxiliar ao reconhecimento de fatos e/ou verdades. Os testes cognitivos também mensuram esta capacidade, mas,  descontextualizada, por meio de perguntas que não são baseadas no que acontece no mundo/tempo real, porque a partir da interação com suas múltiplas circunstâncias, nossas predisposições psicológicas assumem um papel muito influente e frequentemente deletério para a finalidade racional (ou filosófica), de busca inequívoca pela verdade. Por nossas personalidades, em contextualização constante com os ambientes em que vivemos, temos a tendência ou o risco de, ao invés de reconhecermos fatos e padrões, filtrarmos as informações que, instintivamente, mais nos convêm, que podem e geralmente apresentam um nível variado de veracidade: de verdades, meias-verdades e mentiras. Portanto, se os testes de QI são testes, neste caso, para o reconhecimento de padrões, a racionalidade é sua prática no mundo real e, sinto informar que, a maioria das pessoas não se sai bem nela. É como comparar um exame de direção para tirar a carteira, que também costuma exigir conhecimento técnico, acessado por uma prova escrita, além da prática, e de dirigir pra valer nas ruas. Nem sempre o resultado do exame será espelhado na realidade. Este é o caso dos testes cognitivos, porque resultam em muitos falsos positivos, de indivíduos que pontuam alto neles mas, na prática, mostram-se pensadores passivos, aborrecidos e tendenciosos ou, então, exageram no pensamento divergente. Do mesmo modo que tem muito motorista que passa com louvor nos testes de direção porém, nas ruas, andam rápido demais, desrespeitando as leis de trânsito bem como a segurança dos outros motoristas e pedestres...