segunda-feira, 30 de maio de 2016

É muito fácil socializar... difícil é aceitar os seus absurdos




O mestre mandou...

Imite, concorde, 
ria de piadas grosseiras ou sem graça,
ria de absurdos,
se desvie de sofrimentos alheios,
se vista de acordo com a normalidade,
se os cabelos grandes voltarem à moda masculina,
deixe os seus crescerem selvagens,
nunca faça análises muito apuradas ou profundas,
perceba que o medíocre tem um teto pequeno,
caiba dentro dele,
persiga essas sombras de movimentos homogêneos,
veja em qual molde melhor se encaixa,
repita as mesmas palavras,
as mesmas bobagens,
mostre que é como eles,
é apenas mais um,
se tiver sorte,
se for mais belo ou encorpado,
se tiver algo a mais,
o use e ainda sairá um pouco na frente dos demais,

é muito fácil socializar,
basta apenas se encaixar,

mas é muito difícil aguentar, 
aceitar os seus absurdos,
sempre tolos, incompletos, sádicos, 

é sempre como estar bem perto,
mas nunca conseguir alcançá-lo,

os passos dessas danças ridículas são até bem fáceis,
mas é complicado aceitá-los,
é complicado,
quando nasceu com um grande espelho do seu lado,
quando não é apenas um,
perdido,
mas dois,
perdidos também,
ainda que lhe digam que dois é bom,

se está de bom tamanho,
dois é o número da igualdade,
pares que se dão as mãos,
se ajudam,
pode te fazer louco,
pode se perder entre seus dois,
despertados,
pode voltar a dormir pra verdade,
mas se tudo der certo,
também pode te acordar naquilo que falta aos outros,

senso de ridículo*
senso de senso*

senso de,
apenas saber,
que não é o caminho certo,
que não é o certo a se fazer,
que menos é mais,
que ponderado é sábio,
que antes de sair aos extremos,
se deve pensar,
se está mais do que certo,
lógico,
por que não racional*

é muito fácil socializar,
difícil é ser sociável,
ser aberto,
tolerante,
cadeirante de inteligência, 
de fingir,

se eles já fingem,
quem nunca fingiu,
como que conseguirá**

mais fácil é continuar em sua vida mesmo,
e garimpar ouros raros
onde prevalecem essas pedras vadias,
comuns, que brilham sem intensidade,
que vivem como se não vivessem,
sempre esperando,
sempre se enganando pelo trabalho,
pelas ''obrigações'',

vá buscar por uma sombra,
por suas sombras
para abraçar, copiar, se sustentar,
se manter de pé,
 brincar com as suas semelhanças,
celebrar a mesma essência,
de se completar,

bem difícil,
mas parece ser o caminho mais fácil,
dar meia volta,
e nunca mais voltar.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Sê homem sê mulher





Sempre gostei-me homem, meus pelos, na face ou nas coxas, meu rijo, minha glande, meu papo,
Mas sonho-me mulher, não a mim, não neste corpo, 
Mas como uma segunda alma, e talvez, a tenha, 

por confundir-me no olhar,
Por agir como os dois,
Por viver à sabedoria,
Nesta unicidade,
De vê-la mãe, um fetiche, uma amiga, 

a irmã que nunca tive, 
a menina que meus pais esperaram, 
Vivo-a, sou-a, 


Me amo homem,
Prático, ainda que fraco, 

ou será preguiçoso?
Objetivo, holístico, macho

 filósofo,
Vagabundo, 

um tolo,
um mutualismo escancarado de honesto,
Mas me gosto mais
Sendo também a mulher que vive em mim


Sempre este caminho cruzado
Sempre esta dualidade na qual eu nasci


Se espelho, ou se ao menos,
Desejo, 

espelhar-me perfeitamente
 minimalista, e pintar
 em minha mente
 as poucas verdades solenes,
 que acumulo em minhas mãos brancas e delicadas, 
e também meio peludas, 
Posso brincar com a vida

 enquanto a levo bem a sério
Vivo nesta dimensão de verdades
Onde as coisas são aquilo que são 
E nada mais 


Eu sou a Alice que voltou de seu sonho
Cresceu e viveu a sua vida
Enquanto que 
Bons rincões da nação humanidade
Permanecem neste transe
E a enganarem
Por certos olhos hipnóticos
Por orelhas grandes e neuróticas
Por pensarem em suas fantasias como em suas realidades
Mesmo o mais pragmático
Pois ser bruto não é ser de fato
um realista

Talvez
Reconhecer-se homem e mulher
Sem se decidir por um deles
E aceitar-se como veio 
Seja um bom caminho 
Para acordar deste pesadelo

 florido e daninho 

Vacilante

 sempre eu
Sempre na origem
No início
De uma escolha
Eu escolhi não escolher
Sê homem ou mulher
Eu sou os dois e lhes devoto consciência 
fantasiando mais  como uma fêmea
Vivendo mais este resto de masculinidade

 que sobrou em mim
 
Entendendo o certo 
O objetivo homem 
A suavidade mulher
Se não parecem ser sempre assim
Então que sejam 


O homem penetrante
A mulher que se abre
Para que esta falange 

possa lhe conquistar 
Mulheres de todos os tipos
E homens também 
No final
Naquilo que se reduzem inescapáveis 


São os seus sexos, flores, insetos, pássaros e pólen 
Orgulho-me por meu belo e singelo 

Faz-me sentir homem como eu sou 
Faz-me mais adentro de meu corpo
Que passo então 
A procura-lo em outros
Para então me completar


O orgulho meu
Dos defeitos e dos traços eleitos
Ao corpo ou a alma d'outro
Para amar 

Prefiro as mulheres para imaginar
Pois em realidade são os homens que estão a protagonizar
E atuam mau

os espertos a manipular
os fortes a impor a sua torpeza
desde cedo
mostram-se lobos

o mundo ''dos'' homens
é o mais lógico
mas também o mais tolo

por enquanto nada se desvencilha
desta maldita dualidade
de seu ismo
deste tal binarismo

não importam roupas, casas ou eletricidade
a modernidade não nos elevou
à condição de humanos de verdade
mantemo-nos num estado arcaico
desde a alvorada da ''civilização''

sê homem ou mulher,
homens preferem ser homens,
e quando pensam em sê-las
o fazem errado, 
tomam os seus defeitos 
como se fossem as suas totalidades

e quando pensam em sê-los,
as mulheres deixam de lado
as suas vantagens,
as suas qualidades,

sê homem ou mulher,
alguns sábios sabem como fazer,
ou melhor,
se nasceram assim,
não tem escapatória,
basta o mergulhar profundo dentro de si,

eu me entendo muito bem,
e gosto de ambos a se amarem dentro de mim,
fazendo-me outro,
de um quase terceiro sexo,
sempre a um caminho 
e nunca em uma estupidez,
em um beco sem saída,
condição rara e anti-natural,
mas espontânea, real,
sabendo diferenciar este mundo
do imaginado,

tomando a fantasia pelas rédeas,
que mais parece um cavalo selvagem 
para iniciantes e tortos normais,
cavalgando forte,
varando planícies a perder de vista,

e de tanto imaginar,
vi-me como o princípio
da forma,
da vida,
que os deuses separaram os sexos,
em mim,
um pseudo-hermafrodita,
eles os mantiveram,
anexos,
a confabular jatos de sabedoria,
a confiar em seus passos,
se são dois pares a realizá-los,
se um é pouco,
dois é bom,
e bom é excelente para os sábios,
pois o bom é o começo da ponderação,
demais parece de mais,
se sou a síntese de mim mesmo,
sou o fim de uma procura,
sou o  ser humano terminado,
e tomo para o meu total, os totais ao lado,
a me tomarem por igual,
nesta relação entre ser e cenário,
eu estou sempre tentando o perfeito,
difícil,
pois muitos outros o odeiam,
querem justificar a própria estupidez,
culpando a condição humana,
querem jogar a culpa n'outros,
menos pra si mesmos,


Sê homem ou mulher,
quando se é apenas um deles,
só se pode buscá-lo,
mal feito ou remediado,
naquele que o complementa,

explica um pouco a autossuficiência 
que o sábio possui,
que o faz vacilar por famílias e doces providências
do matrimônio mundano,
véus brancos, 
promessas vãs,
tudo sempre vazio de significado para os normais,
não sei como vivem,

são domésticos,
mas também são irracionais,
vivem soltos por aí,
sem pensar em suas atitudes,
pensam sempre pobre, tendencioso, 
e quando começam a pensar errado desde o início,
terminam pensando ainda mais torto,

e rezam por suas sortes,
de serem preciosos demais 
e ao mesmo tempo desprezíveis
para os seus senhores porcos,

sê ator,
a vida social é assim,
eu sou tido como na borda,
de um precipício que chamam loucura,
mas eu sou apenas eu,
sem papeis ou lágrimas de cristais,
sem falas para decorar,
se gaguejo,
se tropeço,
se prevejo,
se falo o que não devo,
é por ser um péssimo ator,
e um excelente indivíduo,
são em sua compreensão,

acordando para a própria alvorada,
para o próprio sol,
sem com isso
atomizar-se do exterior,
se precisa dele,
para sentir-se,
precisa do ambiente,
para ser,

e precisa ser ciente,
de toda a dualidade que onisciente,
que é.


terça-feira, 24 de maio de 2016

A ciência social precisa acompanhar a evolução dos games. A metáfora dos games, do Atari ( ciência bidimensional) aos novos games (múltiplas perspectivas)




As humanidades olham para o mundo a partir de uma macro-perspectiva ou deveriam...

Do indivíduo (seres vivos e especificamente, o ser humano) ao átomo (física... atômica)

A evolução das humanidades se dará via múltiplas perspectivas...



O ''marxismo/gramcismo cultural'' está para o Atari, assim como as múltiplas perspectivas estão para os novos games.




A diferença de uma perspectiva binária e de uma perspectiva mutidimensional e inexoravelmente mais correta.











A metáfora do carro para explicar cognição (qi), personalidade




Qi/cognição está para o carro e as suas características específicas assim como a personalidade está para o motorista/ser humano.

Características do carro: 

- durabilidade ou resistência (resiliência),
- potencial de velocidade (agilidade mental),
- aspecto (aparência),
- características extras (em especial para os novos modelos),
- maleabilidade (capacidade de ''adaptação'', que neste contexto automobilístico mais se parecerá com ''aquele que anda em qualquer ambiente'')

- vantagens intrínsecas ou orgânicas (isto é, em qualquer ambiente)
- características potencialmente vantajosas (dependente das características ambientais)
- eficiência 

etc

Agora as características do motorista/ser humano... ou personalidade

;)

Não preciso explicar mais nada não é**

Apenas mais um adendo potencialmente excessivo sobre esta ideia de que os testes cognitivos mensurem cognição e não necessariamente inteligência e de que o ''agir constantemente racional'' se consista na regra de ouro do comportamento humano ''perfeito'' ou perfeccionista. 

Maior a consciência, maior a responsabilidade do próprio comportamento.





Simpatia, Empatia e Compaixão



Compaixão ou "verdadeira" empatia 

Da ''superficialidade teatral'' ou simpatia à compaixão (quase-à-literal).

Uma fração importante dos seres humanos são de micro-simpáticos, isto é, são simpáticos, especialmente com os seus semelhantes (familiares, amigos).

Uma fração menos significativa de seres humanos são predominantemente ou macro-simpáticos, nomeadamente os do sexo feminino.

Uma fração significativa de seres humanos sentem hipo-empatia, fortemente camuflada por alta (intensidade) e micro ( direção) -simpatia.

Uma fração minoritária de seres humanos são macro-empáticos ou verdadeiramente empáticos. 



No entanto a empatia não é o extremo deste espectro porque o que de fato define a bondade nesta perspectiva ou ênfase é a compaixão.

A compaixão é um estado pré-à-literal de ação altruísta em que a sensação/impressão evoluem para a consciência que inevitavelmente nos colocará em estado de alerta ou vigília para agir.

É o transbordamento de um conhecimento que se torna consciência e é alçado para uma das prioridades mais importantes da vida


Sensação/ Impressão, conhecimento e consciência está para simpatia, empatia e compaixão 



Ter conhecimento é diferente de ter consciência. 


Eu posso saber e nada fazer.

Este conhecimento pode influenciar pouco em minhas decisões do meu cotidiano.

 No entanto a consciência, contextualizada dentro desta perspectiva, nos fará agir de alguma maneira e dependendo da quantidade de fatores favoráveis, a agir de sobremaneira


Extrapolação para o campo cognitivo 



Consciência/paixão/compaixão (bondade)


Sensação-impressão/conhecimento/consciência (inteligência)


Quem ama cuida

Quem ama aquilo que gosta de estudar, 

cuida melhor de seu objeto de interesse
especialmente quando desenvolve grande conhecimento sobre ele 
OU
ao menos, grande paixão/fixação...

pode-se dizer que quem ama muito aquilo que faz, lhe tem compaixão, a ponto de passar a conhecê-lo, mais do que a ''ele'' mesmo'' e a de buscar melhorá-lo.

O amor é tão forte,
quando a compaixão nos engole,
nos faz agir, 
ao invés de pensar ou de ter apenas impressões,
transformamos pensamentos em ações,
percebemos que sem isso,
o mundo não faz mais sentido,
o caminho que deixamos,
de não mais senti-lo,
se o passado não é mais o destino que foi,
quando foi um futuro, uma expectativa,
tornou-se fato,
conhecido ou não,
e quando é conhecimento,
é frio, distante, até podemos contemplá-lo,
mas quando evolui para uma compaixão,
que temos primeiro,
por nós mesmos,
então nos alimentamos dele,
além do arroz com o feijão,
de frutas ou vegetais,
suas palavras, aquilo que nos fazem pensar,
também se transformam em alimentos,
o humano, o primeiro a se devorar,
em suas especulações,
alargando o tempo,
entre a ação e o pensar sobre a vida,
de olha-la face a face,
a paixão é espontânea,
é divertida,
é confortável,
é refrescante,
é tudo aquilo
que a civilização não é...



segunda-feira, 23 de maio de 2016

Eu gostaria de ter apenas um rosto...



Siameses de alma


... algumas vezes 
Mas não tenho 
Pois ele é intermitente

são eles, na verdade

Meu nariz adquire outras feições
Alguns podem vê-lo comum 
Outros podem vê-lo grande, torto e feio
Com barba eu olho diferente

 do que quando estou com o meu rosto "limpo" e portanto anti natural, sem meus pelos negros,
a me dotar de masculina,
minha face jovial

Alguns me acham atraente
Outros me vêem desagradável


Estou sempre tentando me recompor
Meu rosto é avermelhado e descasca com alguma frequência


Quando era muito nervoso

 eu me odiava
Me escondia
E descamava ainda mais


Já sei que é emocional
Ia ao espelho com frequência
Me limpava 


Mas a sujeira não brotava da pele
Pois se originava na alma


Não é que eu era sujo de ruim
Mas que eu me via assim 
De ser ruim em qualidade biológica 


e estava certo

Vacilante até nisso
Dividido entre um narciso antigo
Um orgulho natural que sempre me acompanhou 
E um outro eu, corcunda,

 de corpo falho, pálido, 
mais do que realista, um implicante 

Até na pele eu vacilo de me entender
Não é que não me entenda
Veja bem
É que eu sou complicado mesmo 

Nem sou tão "branco" nem tão moreno 
Estou sempre em uma encruzilhada 


E por isso eu sempre escolho dois caminhos 
Se não tenho nenhum 
Prostro-me a me olhar

Sobrou-me apenas a mim 

Eu entendo de dualidade
Esta realidade de diferenças, de contrastes


Porque eu me entendo


Projetamos defeitos e qualidades pessoais 
E a partir disso criamos nossas realidades

 
A minha
Talvez ainda uma ilusão porém que é reconfortante
Se encaixa perfeitamente neste mundo,

 logicamente desigual, diferente, inter-independente, 
que existe separado mas que não pode deixar de estar junto
de no final, ser tudo igual em essência, 
no mesmo mundo

Eu sou dois em um
Todos são 
Mas em alguns
Tal realidade aflora à superfície 
toma conta

e faz dele
o espelho da verdade
ou se não tiver sorte
o próprio empregado do diabo
de sua própria desgraça

Eu tenho dois perfis 
Dois narizes que me mostram aos outros 


Um parece maior , carnudo...
Parece que o meu rosto revela duas pessoas, 

duas faces sobrepostas 

Dependendo, eu estou olhando mais europeu ou mais mestiço 
Eu sou a minha encruzilhada

não tem jeito

E por isso que posso ver dois mundos
Enquanto que a maioria

 não parece suportar mais do que um
lhes bastam saber pela metade

Isso pode me fazer sábio 
Ou contribuir para este fim
Mas também me faz devasso


Eu gostaria de ter um rosto só,
mas se tivesse,
não seria a mim

domingo, 22 de maio de 2016

Vida morbidamente vivida



Entre os extremos do narciso e da solidão
Da simplicidade à luxúria da razão 


Entre rios


Um que é vagaroso em seu caminhar
Mas tudo o que vê, 


E se incendeia

E um que é bem mais rápido 
Se não é lento em seu conhecer
Se é precipitado, se é incoerente 
E quando congela no tempo

 deixa de se ser
Muito rapidamente


se perde, 

perde fios de meadas
Pela metade, caminho de corpo inteiro 
Na pressa, pega o que lhe vier primeiro 

o que lhe for simpático

se é alma fria

põe tuas chagas a povoarem o solo deste planeta 

Morbidamente 
E vívida

Vida que não pára
Comunica de fora pra dentro 
E de dentro pra fora
Sem parar nem um mísero minuto
Vigilante de si 
Agoniza em um silêncio perturbador
Porque se este susto emergir
Avança em seu auto consumo
E se extingue antes mesmo de se extinguir
Pois o fará prematura
Deixando folhas em branco e uma historia sem fim 

Vívida e sábia
Quando controla o fogo 
Esquenta as mãos
O céu frio que estala
O desolador e escuro 
Que apenas olha para as estrelas
E sonha certezas que não tem 
Vive cada dia, parece rápido
Mas a intensidade é sensível 
Pois se sente muito bem 

E mesmo que viva apenas o presente
O entende
Não crê
Pois crentes vivem mundos de fantasias

Ao invés de brincar com a imaginação 
Rios rápidos confundem-nas com a verdade 

Rios velhos e lentos vão tateando cada margem
Acumulando águas numa costa
Pedras e pedaços de madeira
Que na juventude desperdiçava
São tesouros de uma vida inteira

Amadurecem cedo
Muitos dos que nascem incompletos

Se precisam se completar em vida
Já sabem o que precisam perseguir 
Ou quem

Já sabem ou aprendem que a vida se leva a sério
Tem seus momentos de risos e piadas
Mas deve ser respeitada
Adornando-a por cantos gregorianos

por poesias e toques, de bom grado

Tão belos apenas por suas divinas vozes
Tão feios e tolos, por louvarem o ministério da salvação 

De falsa, esta religião 
Do divino, em barro e fanfarras
Medíocre e falho 
Mentiroso, que vive de mal agouros,
Vive alimentando a loucura humana
Alimentando um monstro 
Ao invés de cortarem-lhe a garganta

Morbidamente 
Vive como todo religioso deveria
Vive santo mas humano 
Mais que qualquer outro 
Inalcançável
Chega num ponto da vida
Que,

descobre o quão simples é o viver,
mesmo nesta prisão,
aprende o que toda vida deveria saber,
viver

Relato pessoal, o papel da educação em minha vida





O impacto da ''educação'' em minha vida.

Se tornou praxe por parte de alguns ativistas pró-autismo de acusarem os ''auto-diagnósticos'' como equívocos individuais nascidos pelo calor do momento de uma súbita auto-identificação. É verdade que muitos destes auto-diagnósticos estejam ligeiramente equivocados, mas isso não significa que não tenha algum naco de verdade aí. E especificamente no meu caso, de fato existe. Como já relatei em outros textos, eu me vejo como alguém com muitas características cognitivas que são típicas do espectro, especialmente a ênfase em ''interesses específicos ou obsessivos''. 

E esta constância comportamental não é o produto de um melhor ambiente ou escola, apenas a maneira como que interajo com a vida, com a auto-contemplação existencial

As minhas fixações cognitivas começaram cedo, por volta dos 5,6 anos de vida, pelos dinossauros. Pedia para o meu pai comprar revistinhas como as de cima, tudo para ficar sabendo das ''últimas notícias'' do triássico. Eu não me lembro o porquê de ter ficado tão interessado em dinossauros. Mas sei que não foi por causa da escola, nem pelo ambiente familiar. Como eu sempre falo. Não existem desculpas para a criatividade e melhor, para as pessoas criativas. Não é necessário ter uma panaceia de estímulos ambientais para nos tornar fixados em uma determinada área. Estímulos ambientais mínimos já são mais do que suficientes para atiçar o fogo da curiosidade e da brincadeira de se investigar e aprender para uma menta ativa e criativa.

Ao longo de minha infância e adolescência, eu sempre fui muito independente em minhas escolhas. E uma parte importante de minha vida desde então tem sido modulada com base em meus interesses específicos, minhas fixações empático-cognitivas ou motivação intrínseca de caráter intelectual. Eu sou movido por minha essência, mais do que a maioria. O fato de ter acumulado certo conhecimento em algumas áreas e sem qualquer influência, mesmo a mais remota, tanto em relação ao ambiente escolar quanto ao ambiente familiar, e a de ter consciência disso, me fez concluir que a essência da inteligência humana tem pouco haver com a ''educação'', especialmente quando existem interesses intelectuais divergentes, isto é, a escola e sua programação doutrinária em atrito com a  minha independência intrínseca para experimentar intelectualmente em relação aos meus interesses mais quistos.

Eu só comecei a ler livros mesmo a partir dos meus 20 e poucos anos. Tudo aquilo que fiz até hoje, com exceção às obrigações da escola, que eu ''empurrava com a barriga'', foi com base na minha própria felicidade e especialmente a felicidade cognitiva, isto é, mantendo-me dentro de minha zona de conforto, verbal, imaginativa e criativa. 

Não guardo rancor em relação à maioria dos meus professores e não os culpo totalmente, porque acredito que eles pensam que estão dando os seus melhores nesta profissão que é tão propagandeada pela ''grande mídia'' e que na verdade teria uma função realmente útil que é tão distinta daquela que tem sido determinada.

Os atuais professores mais se parecem com os velhos tutores, aprendizes de sábios que dão conselhos de como se portar e o que deve aprender, só que transformados em uma linha fordista de ''produção''.




Educação é ''uma ilusão de ótica'' e parece real especialmente para os menos autoconscientes



O ''milagre'' da educação parece verossímil especialmente para o tipo que apresentar a seguinte combinação (construção): conformismo, auto-consciência fraca, perfil cognitivo simétrico

Em outras palavras, os tipos mais cognitivamente e simetricamente inteligentes, serão em média os mais iludidos pelos supostos super poderes da ''educação'' no ''aumento da ''inteligência''/''conhecimento'' ''. Mas no geral, a maioria das pessoas parecem estar bastante iludidas com os tais/supostos efeitos mágicos da ''educação'' na inteligência humana. 

A disposição para o conformismo social tende a se traduzir em menor curiosidade intelectual, se aquele que se limita para se encaixar aos moldes sociais totalitários vigentes tende a não ter qualquer objeção a este tipo de atitude ''covarde''. Se sente que não está perdendo nada (por exemplo, a liberdade), então não será um sacrifício fazê-lo.

A auto-consciência fraca tende a borrar a percepção da fronteira entre as influências internas e externas do ser, de torná-la menos evidente, fazendo com que muitas pessoas confundam a ordem destes fatores.

O perfil cognitivo simétrico tende a provocar a ilusão do potencial para poli-aprendizagem, de que todas as pessoas possam aprender desde que expostas a estímulos ambientais contundentes ou se forem incentivadas, mas na verdade esta percepção falsa não passa de uma extrapolação pessoal equivocada, isto é, dedução via autoconhecimento incompleto, só que sem levar em conta a diversidade cognitiva. Muito semelhante à esta atitude,  muitos professores também concluem precipitada e erroneamente que não existem diferenças cognitivas marcantes entre os seus alunos, forçando-os a tentarem cumprir metas surreais que o sistema escolar impõe.

O meu perfil cognitivo é muito assimétrico e isso contribuiu de sobremaneira na auto-identificação de minhas fraquezas e forças,  na estipulação ponderada do papel das influências internas e externas em relação à minha pessoa ao longo do tempo e no papel intrínseco da vontade rente à crença pós-moderna da nulidade essencial no comportamento (teoria do papel em branco).

 Os behavioristas dizem que tudo aquilo que é cheira conservador é lavagem cerebral, enquanto que a praticam (supostamente) em cima de você. Na verdade, o que eles tem feito é a indução/criação na ignorância dos fatos, da realidade, isto é, dentro de uma nova ceita ''religiosa'', com toda a cultologia necessária para torná-la irrespirável aos mais sábios.

Eu tenho plena consciência de que tudo aquilo que persegui em termos intelectuais, foi independente da escola ou do ambiente familiar, tal como muitos preconizam. Meus pais não me incentivaram a ponto de me tornar aficionado naquilo que passei a ficar, desde a minha primeira fixação até as que tenho hoje em dia. 

E como já falei em outros textos, todas elas vieram espontaneamente e sem qualquer esforço que me poria em minha zona de confronto e mesmo, de desconforto. Em outras palavras, todas as as minhas fixações ou interesses específicos se deram e se dão de maneira lúdica, divertida, exatamente como uma brincadeira, um hobby. Preencho o meu tempo, trabalhando ou não, nessas fixações, que me fazem felizes, pois são saudáveis, e lhes sou bastante reciprocamente empático.

Ninguém me ensinou a gostar de ler livros de geografia. Nem a gostar de ler psicologia, atualmente. Nem a gostar de ginástica artística. 

Tudo me veio muito naturalmente, espontaneamente.... 

Muitos acreditam que interesses intelectuais e não-intelectuais sejam categorias completamente separadas mas isso não é verdade.

Gostar de jogar bola é da mesma natureza que gostar de ler livros.

Eu não me vejo como um ser separado dos demais, então, o que acontece comigo também acontece com praticamente todo mundo, só que eu tenho maior consciência desta realidade específica e também estou mais intenso justamente nesta particularidade, que obviamente funciona muito bem para o primeiro aspecto.

Novamente, eu não desprezo os professores (ainda que isso não signifique que não mereçam ser criticados quanto às suas falhas) e não desprezo aqueles que passaram por minha vida escolar, apenas alguns, ;), certos tipos. E também não estou querendo dizer que a educação não teve qualquer influência, afinal de contas eu estou escrevendo este texto não é**

Só que da maneira com que a maioria das pessoas se habituaram tolamente a acreditar, isto é, que a educação é imprescindível e/ou fundamental, está bastante equivocada e causa muito mais problemas, especialmente a longo prazo, do que soluções, como eu e muitos outros tem alertado com frequência.

Há de se

dar o peso certo às ''coisas''

e de se

criar um mapa de inter-relações e influências entre os fenômenos,

mapas fenomenológicos deveriam já terem sido providenciados e uma ótima fonte para esta tarefa será uma mente afiada com a realidade, isto é, sábia. 

O ser tem as suas próprias motivações, predileções e elas interferem de sobremaneira em suas vidas, e em especial quando a personalidade for mais intensa, vívida, enérgica ou mesmo dominante sobre a cognição. Aqueles com mentes menos complexas porém cognitivamente eficientes estão mais propensos a conquistarem padrões de vida altos e a serem mundanamente bem sucedidas. A priore, não há de errado nisso. O problema é que a realidade que o ser humano cria pra si mesmo não é perfeccionista, pelo contrário, pois se enamora com grande frequência com erros crassos que se arrastam por tempos indefinidos, condenando a todos para sofrerem nestes purgatórios irracionalmente mantidos.