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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Versão, versão e ver-são


Mas que versão que eu fui escrever, mal cabia na palma da minha mão e quando eu fui ver, mal cabia na folha branca, o mau cabia, de acabado, de poesia, ruim, experimental, mal cheirosa, amadora, que nega a beleza, que xinga-moça.

Mas poderia ser uma versão, uma cópia meio mutante, um irmão gêmeo idêntico, que não é idêntico, uma versão de um versão, a perpetuação de um passo em falso, de um poetinha atormentado, atormentando, o horror de seus versos-fardos, bebês chorões, jogados, babados, narizes sujos, cheiro de coriza, icterícias. 

E caberia, talvez, e talvez você ria, um neologismo, uma ousadia, um ver-são, de quem vê, ainda são, ou sempre são, no vão, de antemão, antes da dentição, e depois também, da dentadura, ou da boca nua, dentes de ouro, de mau gosto, de orgulho, de negro amarelado, parece cárie, mas é uma pedra, não é de calcário, mais um diário, mais uma anotação,  mais um espelho, que espelha em todos, que voltam os reflexos, ver-são que a versão do versão, que a repetição, que macaqueamos na santa ovulação, que arde na tradição, quer repetir, quer pensar, que engana o eterno, que nós, o enganamos, e nos enganamos, e nos repetimos, como todo normal, cortamos tudo, ervas daninhas, flores lindas, num superlativo, numa cópia teimosa e criativa, gêmea e original, numa nova palavra, num novo canal, num novo portal de almas, onde o universo se expressa, se não pode em sua eternidade, o faz em sua finitude, na vida, que é tenra, que desde a raiz é plenitude. 

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