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sexta-feira, 2 de junho de 2017

Livre arbítrio: não é sobre ''o que eu QUERO fazer'' mas sobre ''o que eu POSSO fazer''...

... e como que eu posso misturar ou combinar aquilo que eu posso fazer: criatividade [comportamental] convergente, divergente ou transcendente [já falei sobre isso]. 

O verbo ''querer'' neste contexto passa a ideia de infinitude, de que se pode fazer o que quiser e mesmo de se alcançar os níveis mais altos desde que se tenha [grande] motivação. 

O verbo ''poder'' por outro lado passa uma ideia de auto-consciência quanto às próprias limitações ou de finitude, de que se pode fazer algo, apenas se for possível, se for/estiver disponível. Passa uma ideia de precaução, que é proxy para o autoconhecimento, neste contexto.

Temos limitações e o ''livre' arbítrio encontrar-se-á dentro de nosso território, em relação àquilo que ''temos em mãos'' e o que podemos fazer com isso e não em relação àquilo que está além de nossas potencialidades. Por exemplo, uma pessoa com comprovadamente baixa capacidade verbal, demonstrando-a por meio de seu vocabulário, tanto em tamanho, conhecimento conceitual da palavra quanto em conhecimento de gramática e de ortografia. Essa pessoa pode ''se adaptar'' em relação a essa natural escassez de potencial que apresenta, sei lá, desde a justificação pessoal com o intuito de tentar dissipar qualquer crítica mais imperiosa a esta realidade invariavelmente explicitada: ''eu nasci com essas dificuldades'', ''você é um elitista cognitivo'', ''o que importa é a comunicação'', etc... até buscando evitar o uso das palavras que tem as maiores dúvidas/incertezas ortográficas, ainda que seja muito comum a inconsciência das própria limitações verbais, isto é, escreve-se sem saber que está escrevendo ''errado'. No mais é isso, pode-se tentar adaptar a si mesmo, mas nunca em relação àquilo que não está ao alcance das mãos.

Portanto a ideia equivocada e popular de livre arbítrio se consiste em uma suposta infinitude humana para o aprendizado e/ou para o comportamento, desde que o faça com base em motivação genuína. No entanto existem exemplos abundantes de indivíduos que são muito motivados, apaixonados em relação à certa atividade, mas isso não se traduz em grande talento. 

Nós nascemos com referências, que somos nós mesmos, e referências também querem indicar limitações, territórios, pré-critérios ou localizações no espaço. Nos desenvolvemos com base nessas referências, coisa que a concepção popularesca do livre arbítrio parece simplesmente negar e justamente por isso que nos dá falsos poderes de capacidades mutantes permanentes e/ou infinitas, se o potencial pode ser facilmente atrelado ao conceito de finitude expansiva. O potencial nasce do nível ou referência inicialmente estabelecido ou reconhecido. O potencial nasce do referencial. Mas segundo aqueles que acreditam nas noções tolas do livre arbítrio, o potencial não existe ou é visto como uma limitação ''retrógrada''. 

Também se nota uma relação entre autoconhecimento e o livre arbítrio, de maneira que, aquele que se conhece melhor, talvez também possa se adaptar ou se manipular melhor com o intuito de melhorar algo em si mesmo. [que eu já falei, sobre talento e autoconhecimento].

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