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quinta-feira, 9 de março de 2017

Fatos frios versus fatos quentes

Quanto mais dissociado do indivíduo, em particular, mais frio será um fato. Quanto mais associado ao indivíduo mais quente o fato será. 

O nível de familiaridade interfere ou distorce as nossas percepções factuais ou potencialmente factuais. Por exemplo, pode ser fácil para um homossexual aceitar as diferenças raciais em inteligência mas mais difícil de aceitar os desafios e problemas do grupo [de um dos grupos) a que pertence. E claro que a familiaridade ou preferência, superficial ou profunda, pode se dar com questões ou grupos que não estão diretamente associados ao indivíduo, por exemplo, em relação aos animais não-humanos. Este também é o meu caso.

Também estamos falando de nível de emoção/ de empatia que certa questão tende a causar no indivíduo. 

Nem todos os fatos são frios, e alguns estarão pegando fogo, dependendo do indivíduo e de suas características e preferências psico-culturais.


Surpreendentemente fatos quentes podem ser bons, porque podemos ter maior curiosidade e buscar aprimorar o nosso conhecimento sobre eles. Por outro lado, os fatos quentes podem apenas nos fazer ''cuidar'' deles, ou melhor, desconstruindo ou buscando por uma versão, falsa porém mais reconfortante.

Então temos dois exemplos. O primeiro exemplo é a de um rapaz negro que ao se expor ao fato: diferenças raciais em inteligência, e menor inteligência, em média, do seu grupo racial (subgrupo, dependendo do país ou região), o aceitará, apesar de lhe ser um fato quente (diretamente relacionado a si) e não muito reconfortante (ainda que, sabiamente, possa entender que médias apresentam exceções, muitas vezes abundantes). Guiado por uma honestidade intelectual ele aceita um fato quente apesar do seu teor negativo, e em relação a si mesmo. 

O segundo exemplo é a de outro rapaz negro que ao se expor a este fato decide negá-lo por acreditar que não se consiste na verdade, por acreditar que foram ''os brancos'' que causaram essas diferenças, enfim, por ter sido dragado por suas emoções claramente de maneira negativa. Uma pessoa negra, teoricamente falando, deveria ser a maior conhecedora de ''sua'' raça. No entanto, tal como acontece com a relação da mãe [ou dos pais] que IDEALIZA erroneamente o seu filho, eliminando ou mesmo distorcendo/justificando as suas atitudes erradas ou disposições moralmente problema´ticas, o mesmo acontece aqui entre esse rapaz e a ''sua'' raça. Guiado ou melhor cegado por suas emoções e/ou por seu ego, este rapaz não aceita este fato quente, mas se dispõe quase que espontaneamente a ''cuidar'', não dele, mas de sua versão, ou explicação/causa alternativa à realidade. 

Fatos frios podem ser mais fáceis de serem aceitos, como já foi dito, por não serem diretamente associados ao ser, sem o fator emocional influenciando e mesmo desgraçando esta que deveria ser uma saudável e sábia interação construtiva de aprendizado. Por outro lado, fatos frios também podem ser tão dissociados, não apenas de nossas identidades, mas também de nossas capacidades de entendê-los, e por razões puramente cognitivas, e não apenas ou especialmente por razões psicológicas, que podemos simplesmente desprezá-los quase que totalmente, por exemplo, a dissociação entre a maioria das pessoas e física quântica. 

Portanto percebe-se também que pode-se ser auto-enganado ou por meio de fraquezas psicológicas/emocionais como no exemplo do segundo rapaz negro, que pode apresentar capacidade cognitiva para entender e aceitar que as diferenças raciais em inteligência não são necessariamente causadas pelo ''racismo sistemático das pessoas e das instituições 'brancas' '', mas não o faz, novamente, porque é psicologicamente fraco e sente uma necessidade instintiva de abraçar a versão alternativa que melhor lhe agrada, e não a que simplesmente é, que é factual ou real. E por razões puramente cognitivas ele pode simplesmente não ter capacidade cognitiva para compreender este assunto, ainda que a fraqueza psicológica seja mais comum de ser a causa neste caso mais específico por ser um fato macrospectivo e fácil de ser percebido e aceito, sem a interferência da emoção ou do seu completo mal ''uso'', se na verdade este tipo tende a ser emocionalmente desequilibrado, isto é, que não está sob o controle da mesma. 

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