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quinta-feira, 9 de março de 2017

E se selecionássemos apenas ou especialmente os pensadores???



A metáfora literária e distópica do romance Admirável mundo novo é um espelho quase perfeito de nossas sociedades. De fato os seres humanos estão divididos em grupos geralmente hierárquicos e tendem a pensar de maneira coletiva, de acordo com esses grupos, em que estão ou que fazem parte. Outsiders são alguns desses seres raros que por causa de alguma anomalia congênita nascem especialmente individuais e que por sua vez por causa desta perspectiva existencial única se dão conta desta vil realidade mais cedo do que a grande maioria, isto é, despertam mais cedo em relação às ilusões que se perpetuam teimosas e poderosas em nossas sociedades, praticamente definindo-as de maneira essencial. 


A única diferença mais pronunciada que existe entre o romance e a realidade social é que o primeiro determina como causa dessas classes sociais/mentais uniformes e atomizados à seleção artificial que é promovida pelo próprio governo. O que é ainda mais agonizante, e pra nós, seres reais, é que não necessitamos de artifícios científicos na reprodução humana para que nos tornemos uniformes porque já tendemos a ser assim de maneira natural. 

Eu já comentei de maneira quase conclusiva, que ''temos selecionado'' por trabalhadores ou servos congênitos [em outras palavras, a maioria de nós é de ''servos congênitos'', por sermos herdeiros 'involuntários' deste tipo de seleção ) e que isso explicaria o porquê de tendermos a ser tão bons em tarefas específicas, aquelas que são cognitivamente inteligíveis a nós, mas não tanto em relação ao simples ato do pensamento, em relação à macro realidade. Em outras palavras, pulamos esta importante etapa de conhecer as bases de nossas realidades, até mesmo porque ''somos' facilmente atraídos pela cultura, que muitas vezes são projetadas pensando em ''nossas'' características biológicas e/ou necessidades hipo-existenciais.


 Esta diversificação psicológica e sexual, mas fortemente enviesada nos tipos mais comuns ou mutualmente atomizados, o homem e a mulher típicas, é a causa para a existência dessas castas sociais, bio-hierárquicas, dos alfas, betas, gamas, etc... de maneira não tão organizada como no romance de Aldous Huxley, mas ainda assim evidente, característica e hegemônica. 

A manifestação da sabedoria em um indivíduo necessita de uma natureza intermediária, andrógina porém correta, que se faz com base naquilo que a mulher e o homem típicos tem de bom, em termos morais/existencialmente psicológicos. Precisa-se tanto da coragem e da objetividade ''masculinas', quanto da empatia ''feminina'.

Os trabalhadores são em média sexualmente dimórficos em vez de andróginos e portanto perceptivamente incompletos. Esta atomização natural é ideal para a construção de sociedades injustamente desiguais porque os manipuladores, especialmente os mais inteligentes, conseguem perceber e se aproveitar dessas fraquezas.

Percebe-se então que perfil do trabalhador é ideal para sustentar as grandes sociedades. No entanto, como foi demonstrado, o mesmo tende a apresentar deficiências em suas capacidades puramente psico-cognitivas, de pensamento. 

Como pensadores eles são ótimos trabalhadores. 

Por pensarem menos na macro-realidade (por serem muito menos idealmente andróginos) se tornam quase que servos voluntários oferecendo aquilo que mais tem, as suas capacidades técnicas específicas e pouco podem fazer para lutar contra a própria expropriação.

Sem esta massa de sustentadores, de estabilizadores hipo-perceptivos, ou com uma grande proporção de pensadores sábios, pode ser possível de se concluir por agora que as sociedades humanas seriam completamente diferentes, justamente por causa da natureza sábia, econômica porém justa, que enfatiza naquilo que é essencial, só que a partir de perspectivas moral e cognitivamente universais, enquanto que inteligência e especialmente a criatividade tendem a fazer justamente o oposto, em boa parte porque a maioria dos mais inteligentes e criativos serão fortemente dos sóciotipos de trabalhadores e de manipuladores, os dois sociotipos mais comuns e mais iludidos quanto à importância das sociedades e culturas humanas rente à [hiper] realidade ''lá fora''.

A choupana acima representa um pouco como que uma sociedade predominantemente de sábios é provável que se desdobraria, como que evoluiria. Talvez até pudéssemos pensar se nesta hipotética sociedade ao invés ou especialmente das estruturas que as sustentam fosse o homem que tivesse evoluído mais.  

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