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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Os piores filhos ainda não são os mais problemáticos mas aqueles que superam os seus pais em alguns anos-luz

Resultado de imagem para propaganda da doriana

Fonte: tatiandoavida.wordpress

Por de trás da linda e brega imagem da família existe uma realidade muito mais sinistra de desarmonia, domínio da lei do mais forte ou de quem grita mais alto, hipocrisias, conveniências dentre outras situações que estão longe de refletirem a falsidade de segurança e entendimento interpessoal da propaganda.

Uma das tristes ou decepcionantes realidades que a família tende de fato a expressar é o implícito desejo dos pais de dominarem os seus filhos e a mitologia que muitos se não a maioria deles tendem a acreditar, de que sejam naturalmente superiores, professores, tutores, "sábios" mais experientes, e que os filhos jamais conseguirão supera-los ainda em vida porque eles, os pais, basicamente estabelecem uma assimetria supostamente impossível de ser superada por seus filhos, apenas se viverem muitos anos, ainda assim, um jogo sujo em que eles se elegem como os eternos vencedores. Outro forte mito é a de que os pais tratem os seus filhos de maneira igual. Com certeza que se consiste em uma grande mentira, e eu percebo isso de maneira até significativa. Se reclamamos da injustiça, habitué nas sociedades humanas, apenas pense que a mesma encontra-se despojada, bem adaptada e pulsante nas relações interpessoais familiares ou a micro-nível de interação, de modo que, muitas vezes, a macro-injustiça social nada mais é do que a acumulação final de ecos de injustiça a partir das famílias humanas, que são como mini-sociedades, e portanto, aquilo que acontece a macro-nível/sociedade também tende a se manifestar a micro-nível/família, onde a lei do mais forte supera com folga a lei proporcional da racionalidade-a-sabedoria.

Existem duas classes de filhos que para o bem ou para o mal desafiam este esquema pré-moldado, subconscientemente querido, desejado e muitas vezes imposto pelos próprios pais sobre os seus filhos. São os filhos naturalmente problemáticos (estúpidos) e os filhos que superam os pais, em especial naquilo que se elegem como naturais detentores, sabedoria ou ao menos, em inteligência. 

Os filhos problemáticos causam problemas das mais diversas magnitudes e naturezas e forçam os seus pais, geralmente,  a se questionarem sobre si mesmos, sobre suas auto pregoadas invencibilidades pedagógicas ou agendas sutis a explícitas de controle sobre a família.

E os filhos que de alguma forma são superiores ou que superam os pais e esta realidade se torna de alguma maneira saliente em suas relações. 

O pior filho será logicamente, e mais, explicitamente falando, o naturalmente problemático, de personalidade difícil ou "gênio ruim", (ou) com alguma vulnerabilidade comportamental transformada em realidade e em especial para os seus pais. No entanto em termos implícitos o filho que superar os seus pais em alguma particularidade que eles valorizam muito e por causa do seu papel central muitas vezes será a sabedoria (ou ao menos o espectro da mesma) e isso começar a causar atritos especialmente quando este filho passa a questionar desde tenra idade a autoridade dos pais, é provável que ainda conseguirá superar o filho problemático, porque ameaçará a sua autoridade.

Filhos problemáticos são vistos por baixo, como inferiores, falhos. Em compensação os filhos superiores são vistos de cima, mas não como superiores, pois serão vistos em média (ou não) como ameaçadores, como estraga-prazeres que passam a fazer o papel que os pais desde cedo estabeleceram pra si mesmos, se colocando na função ''dos'' próprios pais. 


Filhos perfeitos são aqueles que espelham com perfeição as características dos pais e quanto maior for esta dissonância entre pais e filhos, como eu já comentei, pior será a relação entre eles, pelo que parece, como costuma acontecer na maioria dos casos. O diferencial é o grau de consciência de falha nas relações familiares e na maioria dos casos, filhos ou pais tendem, de alguma maneira, a se esquecerem desta situação, diga-se, muitas vezes, central, ou a contornarem, e no entanto, mantendo a falha presente, existente, sem desejar eliminá-la e finalmente evoluir.

Tudo isso acontece porque ao contrário da ideia popular, o ser humano está longe de ser o animal ou ser vivo mais socialmente inteligente. E o aumento da autoconsciência e a níveis moderados, se o compararmos a um modelo ideal de bom uso, parece complicar mais, ainda que também venha com uma janela de oportunidade, se todo desafio costuma aumentar a pressão mas também abrir novas janelas de oportunidade e de evolução.

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